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ToggleAcolhimento Cristão sem Exceções: O Amor que Transforma e Integra
“Jesus nos ensinou a amar a todos, sem exceção. Assim como Ele nos acolheu com nossas falhas, acolha o próximo, independente de suas diferenças.”
🤝 O poder do acolhimento na jornada espiritual
O acolhimento é mais do que um gesto de bondade; é uma expressão direta do amor de Deus manifestado entre nós. Quando Jesus andou entre os marginalizados, os excluídos e os imperfeitos, Ele revelou o coração do Pai: um coração que não faz acepção de pessoas. Acolher, portanto, não é uma opção para o cristão, mas uma resposta amorosa ao chamado do Evangelho. Essa prática transforma não apenas quem é acolhido, mas também quem acolhe.
Em um mundo polarizado por opiniões, estilos de vida e crenças, o acolhimento se torna um ato revolucionário. É a antítese do orgulho espiritual, da exclusão social e do julgamento moral. Acolher é olhar para o outro como imagem e semelhança de Deus — mesmo quando suas escolhas, aparência ou vivências diferem das nossas. Como disse o apóstolo Paulo: “Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu” (Romanos 15:7).
🌱 O solo fértil da transformação começa no amor incondicional
Acolher alguém é criar espaço para que a graça aja. Muitas vezes, confundimos transformação com imposição. Mas o Evangelho nos ensina que é o amor que convence, e não a coerção. Quando acolho com sinceridade, reconheço a centelha divina no outro, mesmo em meio à sua sombra — como diria Jung. Vejo nele um ser em busca de individuação, ainda que inconscientemente, e compreendo que minha missão é ser um canal de luz, não um juiz de trevas.
Acolher, nesse sentido, também é um exercício de humildade. Epicteto ensinava que “ninguém é dono da verdade, mas todos podem buscar a sabedoria”. O acolhimento é a porta aberta para esse encontro. Por isso, todo começo de fé precisa passar pelo amor que aceita, mesmo antes de compreender.
1. O Desafio de Acolher o Diferente
A tensão entre aceitação e verdade
Acolher verdadeiramente alguém diferentes de nós pode ser desafiador. Nosso instinto humano muitas vezes nos leva a proteger a “zona segura” — nossos valores, crenças, estilo de vida. Mas o acolhimento radical que Jesus demonstrou vai além: Ele nos chama a amar sem abrir mão da verdade, mas sem sufocá-la. Como Paulo aconselhou: “Não por força, nem por violência, mas pelo Espírito” (2 Coríntios 10:4‑5), somos convidados a acolher corações antes de impor conceitos.
Faz parte da maturidade espiritual compreender que acolher não é relativizar a verdade, mas oferecer um ambiente onde ela possa florescer. Isso exige sensibilidade: saber quando falar e quando silenciar, quando orientar e quando apenas estar presente. A persona que adotamos socialmente muitas vezes se impõe, com julgamentos automáticos e condicionais – é aí que a sombra junguiana entra em cena.
As barreiras internas: sombra, medo e julgamento
Jung definiu a sombra como aquele lado nosso que escondemos por vergonha ou autoproteção. Ao encontrar pessoas em quem identificamos comportamentos “das trevas”, podemos projetar nelas nossos medos não resolvidos. O acolhimento só acontece quando julgamos menos e nos permitimos olhar para dentro.
Nem sempre é fácil. Há barreiras internas que nos intimidam, como o medo de sermos “enganados”, de perdermos nossa identidade ou pregarmos algo que não vivemos por completo. Esses receios — embora legítimos — não podem paralisar nosso ato de acolher. Confio que, assim como Epicteto lembrou: “A liberdade é a única lei”, ou seja, o amor só é amor quando livre. Receber o outro em sua liberdade é um primeiro passo para um encontro genuíno com Christo.
2. Acolher não é relativizar: é reconhecer o valor eterno de cada pessoa
💎 Identidade eterna acima das diferenças temporais
Um dos maiores equívocos da nossa geração é pensar que acolher significa abrir mão da verdade. Mas a verdade do Evangelho é, paradoxalmente, firme e doce. Jesus nunca ignorou o pecado — mas nunca deixou de acolher o pecador. Há uma dignidade eterna em cada ser humano que não pode ser anulada pelas escolhas que faz ou pelas feridas que carrega. Ao acolher, não estamos endossando erros, mas reconhecendo essa centelha divina.
Somos todos, em algum nível, versões quebradas da imagem e semelhança de Deus. E se há algo que a psicologia de Jung nos ensina é que essa imagem se manifesta no processo de individuação — o caminho pelo qual integramos luz e sombra, persona e Self. Quando acolho o outro, estou ajudando-o a se encontrar consigo mesmo, talvez pela primeira vez.
🔨 O rigor do amor: firmeza que sustenta sem esmagar
O acolhimento verdadeiro não é permissivo, é compassivo. E compaixão, como nos ensinam os estoicos, é um amor treinado na razão. Sêneca dizia que “a maior caridade é instruir com paciência”. Ao acolher alguém, não anulamos a verdade — apenas escolhemos o tempo e o modo de anunciá-la com sabedoria e empatia.
Em minha própria vida, percebi que as palavras mais transformadoras que recebi não vieram de quem gritou comigo, mas de quem me ouviu. O amor firme acolhe, escuta, abraça — e então, se necessário, exorta. Acolher, portanto, é um exercício de amor que se recusa a desistir das pessoas. E, às vezes, isso significa ficar em silêncio, para que o Espírito fale primeiro.
3. Quando o acolhimento cura o acolhedor
🪞Acolher o outro é também acolher a si mesmo
Há uma dimensão secreta no acolhimento que nem sempre percebemos de imediato: ao estendermos as mãos ao outro, tocamos nossas próprias feridas. Acolher quem é diferente, ferido ou desajustado muitas vezes nos confronta com partes de nós que negamos ou enterramos. E é aí que o acolhimento se transforma — de um ato para fora em um ato para dentro.
Lembro de uma ocasião em que ouvi com paciência uma pessoa que, à primeira vista, me irritava profundamente. Suas atitudes me desafiavam, suas falas me incomodavam. Mas quanto mais eu a escutava, mais percebia: ela falava de coisas que eu também já tinha vivido. Sua dor, embora expressa de forma diferente, era um espelho da minha. E naquele encontro, Deus me curou.
🧩 Jung, sombra e o caminho da individuação
Jung dizia que o processo de individuação exige integrar nossa sombra — aquilo que rejeitamos em nós mesmos. O acolhimento do outro pode ser justamente o portal para essa integração. Ao reconhecer no próximo sua humanidade frágil, damos permissão para reconhecer a nossa. E com isso, deixamos que o Self se manifeste com mais clareza: o nosso Eu profundo, redimido, reconciliado com Deus.
Acolher, então, deixa de ser apenas um gesto de bondade e se torna um caminho de cura interior. É quando o ato de amor transforma não só quem o recebe, mas quem o oferece. Por isso Jesus disse: “Mais bem-aventurado é dar do que receber” (Atos 20:35). Dar acolhimento é receber libertação.
4. Acolher exige coragem espiritual
🛡️ O amor como escudo contra a rejeição
Acolher nem sempre será bem-visto. Em um mundo polarizado, quem acolhe é muitas vezes confundido com quem relativiza. E por isso, para viver o acolhimento evangélico, é preciso coragem. Acolher é se expor ao mal-entendido, à crítica, à possibilidade de ser rotulado injustamente — como foi Jesus, chamado de “amigo de pecadores” (Lucas 7:34).
Mas essa coragem não nasce da teimosia ou do desejo de “ser do contra”. Ela nasce do amor. O amor, como ensinou Paulo, “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7). E é este amor que nos sustenta quando o acolhimento nos custa amizades, reputação ou até espaço dentro de comunidades religiosas.
⚔️ A batalha interior do acolhedor
Acolher também nos coloca diante de nossas próprias sombras. Quantas vezes evitamos acolher alguém não porque discordamos dele, mas porque sua presença desperta em nós sentimentos de insegurança, inveja, medo ou ciúme? O verdadeiro acolhimento exige autoconhecimento — como ensinava Jung, uma disposição constante a confrontar a si mesmo e integrar o que há de não resolvido em nós.
Do ponto de vista estoico, essa coragem se manifesta como virtude. Epicteto dizia que “não é o que acontece que nos perturba, mas como interpretamos o que acontece.” Acolher com coragem é escolher interpretar a resistência do outro como parte de seu processo, e não como uma ofensa pessoal. É ver o ataque como um pedido de ajuda mal formulado. É insistir no bem, ainda que o mal se apresente disfarçado de argumento ou acusação.
Coragem espiritual é, portanto, um fruto do Espírito. Não vem de nós, mas da confiança no amor de Deus. Acolher, mesmo quando somos mal interpretados, é testemunhar que nosso modelo é Cristo — e que vale a pena amar como Ele amou, mesmo que sejamos crucificados por isso.
5. Acolher é preparar espaço para o Espírito Santo agir
🕊️ Entre a presença e o silêncio, Deus opera
Existe uma diferença entre falar de Deus e criar um ambiente onde Ele possa agir. Acolher alguém é muitas vezes esse segundo caminho: em vez de insistir em explicações, criamos espaço com nossa escuta, paciência e presença. Acolher é dar ao outro o que talvez nunca tenha recebido: tempo, atenção e afeto incondicional.
Quantas vezes vi corações endurecidos se abrirem não por causa de um argumento teológico, mas por causa de um olhar acolhedor? É nesse espaço seguro, onde ninguém se sente julgado, que o Espírito começa a tocar, confrontar, curar. “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei” (Mateus 18:20). Acolher é esse “reunir-se” que torna visível a presença invisível.
🌬️ O tempo da transformação não é nosso
A ansiedade de ver o outro mudar pode sabotar o próprio acolhimento. Às vezes acolhemos querendo resultados, conversões imediatas, sinais claros. Mas o tempo do Espírito não é o nosso tempo. Como dizia Epicteto: “O que está além do nosso controle, devemos aceitar com serenidade.”
Jung nos ajuda aqui novamente: o processo de individuação é lento, simbólico, muitas vezes inconsciente. O acolhimento é fértil quando respeita esse tempo. Quando deixamos de ser jardineiros ansiosos para sermos terra fértil. Não há nada mais espiritual do que confiar que o Espírito Santo sabe o momento certo de florescer em cada alma.
Por isso, o acolhimento verdadeiro é humilde. Ele não se vangloria, não força, não manipula. Ele apenas ama — com presença, com silêncio, com esperança. E esse amor é o canal por onde o Espírito passa. Não somos nós que transformamos. Somos apenas o espaço onde Deus pode operar.
6. O acolhimento como caminho de discipulado
👣 Seguir a Cristo implica receber como Ele recebia
Jesus não apenas ensinou sobre o amor — Ele viveu esse amor no acolhimento. Seus encontros com Zaqueu, com a mulher samaritana, com o cego Bartimeu revelam que o discipulado começa antes da conversão, antes da mudança de comportamento. Começa com um olhar, com uma escuta, com uma presença que não desiste.
Quem deseja seguir a Cristo precisa estar disposto a receber o outro como Ele recebia. Isso inclui os “não dignos”, os “incompreendidos”, os “problemáticos”. No discipulado genuíno, não há espaço para hierarquias morais — apenas para o convite constante: “Vem e vê” (João 1:39). Acolher é parte inseparável do chamado.
🪔 Acolhimento e maturidade espiritual caminham juntos
Muitos pensam que maturidade espiritual é saber mais, falar melhor, defender melhor a fé. Mas, na verdade, é amar melhor. É saber acolher sem se perder. É manter a firmeza sem perder a ternura, como dizia Guevara — e como Jesus encarnava.
Jung via o amadurecimento como o processo de integração entre aquilo que somos e aquilo que tememos ser. Isso exige acolhimento interior — e reflete no modo como tratamos os outros. Quem não se acolhe dificilmente acolhe o próximo. Já quem passou pelo fogo do autoconhecimento tende a se tornar um discipulador mais compassivo, porque conhece sua própria história de queda e redenção.
O verdadeiro discípulo de Cristo é aquele que, mesmo imperfeito, permite que o outro se aproxime. Que caminha junto. Que não se fecha em bolhas religiosas. Que está pronto para ser ponte, e não muro. Acolher é evangelizar com a vida. É discipular com o coração. É ensinar o Evangelho sem dizer uma palavra — porque o amor já o diz tudo.
O amor que acolhe é o amor que salva
O que começou com um gesto simples — o acolhimento — revelou-se ao longo deste caminho como uma das expressões mais profundas do amor de Deus. Não se trata apenas de ser gentil ou educado. Trata-se de ser morada do Espírito, de ser reflexo do Cristo que acolheu a mim, a você, a todos, sem exceção. Um acolhimento que não é ingenuidade, mas coragem. Que não relativiza a verdade, mas se fundamenta nela. Que não exige mudanças imediatas, mas semeia com esperança a transformação.
O acolhimento é a linguagem do Reino. É o idioma falado por Jesus no silêncio dos encontros que mudaram vidas. É o tom suave com que Deus chama seus filhos de volta. E é também o desafio cotidiano de quem decide amar de verdade. Amar como Cristo amou é a missão mais elevada e mais concreta de todo cristão maduro. E isso sempre começa com o ato de abrir os braços, o coração, o tempo e os olhos para enxergar o outro como Deus o vê: digno de amor, mesmo antes da mudança.
Que possamos ser essa presença que acolhe. Que sejamos a pausa na pressa, o abrigo na tempestade, o olhar que não julga, mas convida. Porque quando acolhemos, Cristo aparece. E onde Cristo está, o amor transforma tudo.
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● Quais barreiras você sente em acolher quem pensa diferente de você?
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